segunda-feira, 25 de junho de 2012

Notícias de Tudo - Martha Medeiros


NOTÍCIAS DE TUDO 

Alguém de um site me ligou outro dia pra fazer uma pesquisa: perguntou se eu achava que o namoro da Íris e do Diego iria durar. De quem?? São parentes meus?? Pra não ser do contra respondi que sim, que eles vão envelhecer juntos, ai deles se não.
O Brasil tem um sem-número de revistas que circulam por semana. Revistas de informação, de variedades, de fofoca, de moda, de comportamento, sem contar as especializadas, como as náuticas, gastronômicas, científicas ou esotéricas. Quantos são os programas de tevê, contando os canais por assinatura? Também não é pouca a quantidade de colunistas que, como eu, tentam tirar da cartola algum assunto que preste. No mundo estão acontecendo, neste instante, epidemias, tragédias, assaltos, provas esportivas, fenômenos climáticos, pré-estréias, reformas políticas, e eles não serão suficientes para manter os veículos de comunicação ocupados: sobrarão páginas para serem preenchidas. Espaço é o que não falta para as notícias relevantes e também para as irrelevantes, e são essas que estão nos endoidecendo.
Impossível assinalar a avalanche de informações que recebemos todo dia. A gente não armazena nem dez por cento. O ataque é maciço e constante, não tem para onde fugir. Eu, que faço parte da artilharia, nem por isso deixo de me questionar: será que não estamos indo além do limite aceitável? Informação é fundamental, mas sem overdose.
A impressão que tenho é que a informação que recebemos é tanta, mas tanta, que nos imobiliza. Só de ler as repetitivas matérias sobre os benefícios do exercício físico me dá cansaço, é como se eu tivesse andado quilômetros. Somos informados sobre todas as bandas de rock do mundo e no instante seguinte já não lembramos que é quem. Gastamos horas nos atualizando, ao mesmo tempo em que geramos muita pouca notícia sobre nós mesmos. O que você tem feito?
A população do planeta está em plena atividade, todos trabalhando, planejando comemorando, planejando, comemorando, matando, sobrevivendo, um mundo no gerúndio, sem interrupções, e a gente consumindo tudo isso, soterrados por tanta notícia, por tanto apelo, por tanta exigência de opinar, concordar, discordar. Você poderia estar ouvindo uma música agora, olhando pro céu. Você poderia estar regando suas plantas, poderia star observando o barulho da chuva, poderia estar preparando um chá ou lendo um belo poema em vez desses meus lamentos. Não, não me abandone, mas deixo aqui uma perguntinha: você tem recebido notícias de si mesmo?


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