NOTÍCIAS DE TUDO
Alguém de um
site me ligou outro dia pra fazer uma pesquisa: perguntou se eu achava que o
namoro da Íris e do Diego iria durar. De quem?? São parentes meus?? Pra não ser
do contra respondi que sim, que eles vão envelhecer juntos, ai deles se não.
O Brasil tem
um sem-número de revistas que circulam por semana. Revistas de informação, de
variedades, de fofoca, de moda, de comportamento, sem contar as especializadas,
como as náuticas, gastronômicas, científicas ou esotéricas. Quantos são os
programas de tevê, contando os canais por assinatura? Também não é pouca a
quantidade de colunistas que, como eu, tentam tirar da cartola algum assunto
que preste. No mundo estão acontecendo, neste instante, epidemias, tragédias,
assaltos, provas esportivas, fenômenos climáticos, pré-estréias, reformas
políticas, e eles não serão suficientes para manter os veículos de comunicação
ocupados: sobrarão páginas para serem preenchidas. Espaço é o que não falta
para as notícias relevantes e também para as irrelevantes, e são essas que
estão nos endoidecendo.
Impossível
assinalar a avalanche de informações que recebemos todo dia. A gente não
armazena nem dez por cento. O ataque é maciço e constante, não tem para onde
fugir. Eu, que faço parte da artilharia, nem por isso deixo de me questionar:
será que não estamos indo além do limite aceitável? Informação é fundamental, mas
sem overdose.
A impressão
que tenho é que a informação que recebemos é tanta, mas tanta, que nos
imobiliza. Só de ler as repetitivas matérias sobre os benefícios do exercício
físico me dá cansaço, é como se eu tivesse andado quilômetros. Somos informados
sobre todas as bandas de rock do mundo e no instante seguinte já não lembramos
que é quem. Gastamos horas nos atualizando, ao mesmo tempo em que geramos muita
pouca notícia sobre nós mesmos. O que você tem feito?
A população
do planeta está em plena atividade, todos trabalhando, planejando comemorando,
planejando, comemorando, matando, sobrevivendo, um mundo no gerúndio, sem
interrupções, e a gente consumindo tudo isso, soterrados por tanta notícia, por
tanto apelo, por tanta exigência de opinar, concordar, discordar. Você poderia
estar ouvindo uma música agora, olhando pro céu. Você poderia estar regando
suas plantas, poderia star observando o barulho da chuva, poderia estar
preparando um chá ou lendo um belo poema em vez desses meus lamentos. Não, não
me abandone, mas deixo aqui uma perguntinha: você tem recebido notícias de si
mesmo?
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