segunda-feira, 25 de junho de 2012

Apresentação


Esse blog é resultado do Estágio Supervisionado IV realizado na escola PREMEM em Campina Grande.
Desenvolvemos em sala de aula, com o auxilio das professoras Andréia Lima Andrade e Magliana Rodrigues da Silva, uma sequência didática de Língua e Literatura destinada ao Ensino Médio, na qual trabalhamos o eixo temático: “A influência da mídia”.
Através do Estágio Supervisionado IV do curso de Letras Português da UEPB, intercambiamos teoria e prática a partir da vivência em sala de aula, o que nos fez recorrer às teorias aprendidas nos componentes teóricos referentes à língua e literatura estudados durante o curso. Infelizmente, cada vez mais os alunos de licenciatura partem apenas para o âmbito da pesquisa e se sentem desestimulados com a área de ensino, posto que em nossa sociedade o professor encontra-se em um estado de desvalorização muito grande. Muitos estão desanimados por não terem um salário condizente com a formação que possuem, além de enfrentarem péssimas condições de trabalho nas instituições de ensino.
Temos como principal meta aprimorar a formação profissional por meio de uma proposta de ensino que busque motivar o aluno da escola pública, bem como, promover a vivência do futuro professor com a sala de aula de maneira concreta, ao mesmo tempo em que requer inovação, ao trabalhar a língua e literatura de forma articulada e pautada na sequência didática.
No contexto do Ensino Médio a disciplina de Português deve se fundamentar em uma perspectiva segundo a qual o processo de ensino-aprendizagem leve o educando a construir gradativamente o seu conhecimento ao mesmo tempo em que o professor precisa aprimorar em sua prática o desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita, fala e escuta.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394-96) o Ensino Médio define-se como etapa final da educação básica, devendo fornecer ao aluno o exercício da cidadania, além do progresso nos estudos universitários e na vida profissional. Todavia, ainda temos um grande déficit de alunos cursando essa etapa final do ensino básico, com cerca de 1.8 milhões de jovens entre 15 a 17 anos fora da escola. Portanto, o docente torna-se elemento de suma importância para modificar parte do triste cenário da educação brasileira. Geralmente os problemas concernentes a evasão escolar podem ser amenizados através de uma prática de ensino que motive esses discentes.
Para colocar em prática a proposta supracitada, recorremos às aulas dinamizadas com recursos audiovisuais, sem deixar de lado algumas aulas expositivo-dialogadas, sempre levando a turma a expor sua opinião sobre os conteúdos abordados. Além disso, elaboramos duas sequências didáticas com materiais organizados em módulos e criamos o presente blog para a interação de todos os discentes com o conteúdo aplicado, a exemplo dos vídeos e textos, além de divulgarmos as fotos e vídeos produzidos em aula, abrindo também um espaço para que todos possam comentar o que acharam das aulas.

Notícias de Tudo - Martha Medeiros


NOTÍCIAS DE TUDO 

Alguém de um site me ligou outro dia pra fazer uma pesquisa: perguntou se eu achava que o namoro da Íris e do Diego iria durar. De quem?? São parentes meus?? Pra não ser do contra respondi que sim, que eles vão envelhecer juntos, ai deles se não.
O Brasil tem um sem-número de revistas que circulam por semana. Revistas de informação, de variedades, de fofoca, de moda, de comportamento, sem contar as especializadas, como as náuticas, gastronômicas, científicas ou esotéricas. Quantos são os programas de tevê, contando os canais por assinatura? Também não é pouca a quantidade de colunistas que, como eu, tentam tirar da cartola algum assunto que preste. No mundo estão acontecendo, neste instante, epidemias, tragédias, assaltos, provas esportivas, fenômenos climáticos, pré-estréias, reformas políticas, e eles não serão suficientes para manter os veículos de comunicação ocupados: sobrarão páginas para serem preenchidas. Espaço é o que não falta para as notícias relevantes e também para as irrelevantes, e são essas que estão nos endoidecendo.
Impossível assinalar a avalanche de informações que recebemos todo dia. A gente não armazena nem dez por cento. O ataque é maciço e constante, não tem para onde fugir. Eu, que faço parte da artilharia, nem por isso deixo de me questionar: será que não estamos indo além do limite aceitável? Informação é fundamental, mas sem overdose.
A impressão que tenho é que a informação que recebemos é tanta, mas tanta, que nos imobiliza. Só de ler as repetitivas matérias sobre os benefícios do exercício físico me dá cansaço, é como se eu tivesse andado quilômetros. Somos informados sobre todas as bandas de rock do mundo e no instante seguinte já não lembramos que é quem. Gastamos horas nos atualizando, ao mesmo tempo em que geramos muita pouca notícia sobre nós mesmos. O que você tem feito?
A população do planeta está em plena atividade, todos trabalhando, planejando comemorando, planejando, comemorando, matando, sobrevivendo, um mundo no gerúndio, sem interrupções, e a gente consumindo tudo isso, soterrados por tanta notícia, por tanto apelo, por tanta exigência de opinar, concordar, discordar. Você poderia estar ouvindo uma música agora, olhando pro céu. Você poderia estar regando suas plantas, poderia star observando o barulho da chuva, poderia estar preparando um chá ou lendo um belo poema em vez desses meus lamentos. Não, não me abandone, mas deixo aqui uma perguntinha: você tem recebido notícias de si mesmo?


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Vídeos das aulas


Vídeo da 1ª aula

Primeiro comercial da Coca-cola

Influência da Mídia - Padrões de Beleza

O Sheik de Agadir - Trecho da Novela

Aula sobre Crônica

Beba Coca Cola - Animação

Beba Coca Cola - Décio Pignatari

A Grande Lição do Grande Irmão - Wagner Bezerra e Heloísa Dias


A grande lição do Grande Irmão


Explode no mundo a violência: terror, seqüestro, assaltos, assassinatos, corrupção, tortura, humilhação, fome, dor, violência disseminada, compartilhada, globalizada. Enquanto isso, nas TVs de todo o mundo, busca-se emoldurar a realidade a partir de uma visão fortemente dominada pela “dança” dos índices de audiência. Pelo menos esta é a justificativa para a repetição incessante de fórmulas e clichês desgastados, que sempre voltam apresentados como novidade pelos programadores e concessionários das várias redes de tv.

A moldura preferida no momento é o reality show, formato que chegou em nossa casa após ganhar fama internacional. Batizado com nomes sugestivos como Big Brother, Casa dos Artistas e No Limite, o reality show oferece como produto básico satisfazer o desejo dos telespectadores com cenas de exibicionismo e auto-flagelo. Some-se a isto a capacidade do participante ao eliminar seus adversários da competição e, conseqüentemente, ter sua grande chance de experimentar mais do que os quinze minutos de fama já conquistados.
Ora, que tipo de realidade é esta em que o excitante é ver o outro em situações muitas vezes constrangedoras, como ir ao banheiro diante de câmeras ou “pedir a cabeça” de uma pessoa por quem se criou afeição? Por estranho que possa parecer, a lógica dessa (re)criação remete à das lutas entre os gladiadores na Roma antiga, uma espécie de gameshow onde os participantes eram guiados por duas necessidades básicas: eliminar o adversário e exibir-se para saciar uma platéia ávida por emoções baratas e bizarras. Tanto na arena de ontem, quanto na telinha de hoje, o vencedor continua sendo aquele que consegue eliminar seus adversários mais rapidamente; e o público segue experimentando o prazer de ver o sofrimento alheio, seja com o sangue que outrora jorrava da espada, seja com a superexposição, a delação e outros ingredientes resultantes dos mais baixos sentimentos, nessa modalidade pós-moderna de combate entre iguais.
Se compararmos o que nos oferece a arena pós-moderna do Big Brother dos nossos dias - sexo, mentiras e traição - com a mensagem do grande irmão de George Orwell, em 1984? Seríamos todos reféns de um voyeurismo do qual não conseguimos escapar, condenados a nos manter eternamente divididos entre atores e observadores da nossa própria indiferença ante a violência que acomete outros indivíduos, outras famílias, outros povos?
Parece que o grande irmão de Orwell, aquele que, na contramão dos atuais Big Brothers, suscitou tanta discussão sobre nossos medos em relação à invasão da privacidade, pode nos permitir compreender mais da realidade atual do que inspirar a luta pela audiência na TV.
Quem sabe, quando negamos informação e entretenimento de boa qualidade aos famintos consumidores daquilo que é servido pela mídia eletrônica durante anos a fio e deixamos de oferecer algo diferente do que é exibido atualmente pela maioria absoluta dos programas da tv aberta brasileira, não continuamos a nos envenenar infinitamente. E o amontoados de cadáveres que cresce a cada dia nos grandes centros, em Campinas, Santo André, Kabul, Nova York, Jerusalém ou Favela da Maré? Talvez seja a sociedade transformando em excremento, após longa indigestão, aquilo com o qual nos alimentamos durante todos esses anos de uso desordenado de tão importante conquista, a liberdade de expressão jornalística, artística e cultural.
Afinal, enquanto seguimos negando às crianças e jovens conteúdo alternativo à sórdida e fétida fórmula baseada em sexo e violência na TV, estaremos condenados a produzir sujeitos hedonistas, reféns do consumismo e capazes de atitudes de total alheamento em relação ao outro.
Quando, no Brasil, negamos a Constituição e sepultamos em cova rasa o que determina o tão decantado artigo 221, onde está previsto que a TV terá como finalidade prioritária a educação, nos condicionamos a aceitar, sem parcimônia, os frutos daquilo que temos oferecido a nossos filhos, principalmente através de nosso maior e mais competente canal de informação e educação de todos os tempos: a televisão.
Quem sabe é chegado o momento de, humildemente, aceitarmos a vocação educativa da TV? Entendermos que tanto faz o formato do programa, a linguagem audiovisual adotada, seja jornalismo, novela, filme, ficção, show de auditório, mini-série, desenho ou programa infantil, pouco importam os meios, pois, no fim, todo conteúdo televisivo sempre será assimilado como educação. Ou seja, tudo que a mídia eletrônica emite é capaz de interferir, ensinar, modificar, inseminar, contaminar e encantar corações e mentes.
Doravante, quando na hora do almoço ou jantar os jornais nacionais exibirem sem pudor nossos cadáveres, seria prudente pensarmos noutra lição deixada por Orwell: sim, é possível escapar das armadilhas do grande irmão. Caso contrário, corremos o risco de, no próximo capítulo do nosso reality show particular sermos os protagonistas das cenas de violência que a TV expõe diariamente e que, por enquanto, tocam apenas momentaneamente nossos sentimentos, pois, afinal, dizem respeito somente aos outros.
Quanto ao possível engajamento da TV no tão falado esforço pela paz mundial, não basta meia dúzia de filmetes de 15 segundos ou dúzia e meia de “artistas” com sorriso de creme dental pronunciando palavras insossas. Talvez o que ninguém da TV ousa dizer é que esse movimento depende de outros fatores. Primeiro, do discernimento dos patrocinadores que, por hora, fomentam tudo que é produzido e cheire a pontos na audiência; segundo, dos criadores que têm buscado reinventar em muitos programas as relações humanas tendo como base a intriga, a trapaça, a traição, a superexposição da intimidade. E finalmente, do público que, infelizmente, seja falta de opção ou preferência, depois de secar as lágrimas sobre o sangue derramado do último seqüestrado, do último assassinado, do último Celso Daniel, da última vítima do terrorista-bomba, do último bebê morto por desnutrição, não cansa de aplaudir as novas arenas e nossos quase modernos gladiadores.

Crônica - A Novata - Luis Fernando Veríssimo


A NOVATA

Sandrinha nunca esqueceu o seu primeiro dia na redação. Os olhares que recebeu quando se encaminhou para a mesa do editor. De curiosidade. De superioridade. Ou apenas de indiferença. Do editor não recebeu olhar algum.
— Quem é você? — ele perguntou, sem levantar acabeça. Sandrinha se identificou.
— Ah, a novata — disse ele. — Você deve ser das boas.Recém-formada e já botaram a trabalhar comigo. Você sabe o
que a espera?
— Bem, eu...
— Esqueça tudo o que aprendeu na escola. Isto aqui é alinha de frente do jornalismo moderno. Aqui você tem que ter coragem. Garra. Instinto. Você acha que tem tudo isso?
— Acho que sim.
Ele a olhou pela primeira vez. Seu sorriso era cruel.
— É o que veremos — disse. — Já vi muita gente quebrar a cara aqui. Desistir e pedir transferência para a crônica policial. É preciso ter estômago. Você tem estômago?
— Tenho.
Ele gritou:
— Dalva!
Uma mulher aproximou-se da mesa. Tinha a cara de quem já viu tudo na vida e gostou de muito pouco. O editor perguntou:
— Você já pegou o Rudi?
— Estou indo agora.
— Leve ela.
Dalva olhou para Sandra como se tivesse acabado de tirá-la do nariz. Voltou a olhar para o editor.
— Não sei, chefe. O Rudi...
— Quero ver do que ela é feita.
— Está bem.

Antes de saírem, Dalva perguntou para Sandra:
- Que equipamento você usa?
Sandra mostrou o que tinha dentro da bolsa. Dalva mostrou o seu.
- Certo. Vamos sincronizar gravadores. Testando. Um, dois, três...
As duas aproximaram-se da porta do apartamento de Rudi. Antes de bater na porta, a veterana avisou:
- Chegue para trás.
De dentro do apartamento veio uma voz assustada.
- Quem é?
- Abra!
A porta entreabriu-se. Rudi espiou para fora. Dalva empurrou a porta ao mesmo tempo que tirava o gravador da bolsa. Sandra a seguiu para dentro do apartamento. Rudi recuou.
- Isto é invasão de privacidade! - gritou.
- Quieto! Prepare-se para falar, Rudi. E lembre-se: tudo que você disser pode ser usado na edição de domingo.
- Não vou dizer nada.
Dalva forçou-o a sentar. O gravador já estava a milímetros da sua boca.
- Ah, vai - disse Dalva. - Vai dizer tudo. Loção de barba!
- Ahn... "Animal", de Givenchy!
- Cuecas justas ou tipo short?
- Justas.
- De que loja?
- Não tenho uma loja favorita.
- Pense melhor, Rudi.
- Está bem. A "Papoulas".
- Sua cor favorita.
- Verde. Não! Azul!
- Vamos, Rudi. É verde ou é azul?
- Azul, azul!
- Quem você levaria para uma ilha deserta?- Não sei. Me deixem pensar.
- "Pensar'", Rudi? "Pensar"?! Você acha que está respondendo para o suplemento cultural? Vamos, quem você levaria para uma ilha deserta? Dalva registrou com surpresa que Sandrinha é que fizera a pergunta
Rudi respondeu.
- A minha mãe. Não. A Malu Mader.
- Qual delas?
- Não pode ser as duas?
- Você sabe que não, Rudi. Estamos perdendo tempo. Quem? - A Malu  Mader.
- Pasta de dente.
- Crest.
- Seu livro de cabeceira.
- Kalil Gibran.
- Maior emoção.
- Foi, foi... Quando minha cadela "Tutsi" teve filhotinhos.
- Prato preferido?
- Não sei. Não sei!
- Sabe sim.
- Picadinho de carne com ovo.
- Sua filosofia.
- Viver e deixar viver.
- Se você não fosse você, quem gostaria de ser?
- 0... o...
- Estamos esperando!
- O Gerald Thomas ou o padre Marcelo Rossi!
- Qual dos dois?
- Fale!
Agora Sandrinha também tinha seu microfone perto da boca de Rudi.
- O padre Marcelo Rossi!
Rudi começou a soluçar. Ás duas se olharam. Dalva permitiu-se um sorriso.
- Você é boa, novata. Acho que vai se dar bem neste trabalho...
- Obrigada.
Mas Sandra não tinha terminado.
- Não pense que acabou ainda, Rudi. Sabonete!

(Luís Fernando Veríssimo. In: Comédias para se ler na escola, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

Crônica "Ela" - Luis Fernando Veríssimo


ELA – Luís Fernando Veríssimo

Ainda me lembro do dia em que ela chegou lá em casa. Tão pequenininha! Foi uma festa. Botamos ela num quartinho dos fundos. Nosso Filho – Naquele tempo só tinha o mais velho – ficou maravilhado com ela. Era um custo tirá-lo da frente dela para ir dormir.
Combinamos que ele só poderia ir para o quarto dos fundos depois de fazer todas as lições.
- Certo, certo.- Eu não ligava muito para ela. Só para ver um futebol ou política. Naquele tempo, tinha política. Minha mulher também não via muito. Um programa humorístico, de vez em quando. Noites Cariocas… Lembra de Noites Cariocas?
- Lembro vagamente. O senhor vai querer mais alguma coisa? E me serve mais um destes. Depois decidimos que ela podia ficar na copa. Aí ela já estava mais crescidinha. Jantávamos com ela ligada, porque tinha um programa que o garoto não queria perder. Capitão Qualquer Coisa. A empregada também gostava de dar uma espiada. José Roberto Kely. Não tinha um José Roberto Kely?
- Não me lembro bem. O senhor não me leva a mal, mas não posso servir mais nada depois deste. Vamos fechar.
- Minha mulher nem sonhava em botar ela na sala. Arruinaria toda a decoração. Nesa época já tinha nascido o nosso segundo filho e ele só ficava quieto, para comer, com ela ligada. Quer dizer, aos pouco ela foi afetando os hábitos da casa. E então surgiu surgiu um personagem novo nas nossas casas que iria mudar tudo. Sabe quem foi?
- Quem?
- O Sheik de Agadir. Eu, se quizesse, poderia processar o Sheik de Agadir. Ele arruinou o meu lar.
- Certo. Vai querer a conta?
- Minha mulher se apaixonou pelo Sheik de Agadir. Por causa dele, decidimos que ela poderia ir para a sala de visitas. Desde que ficasse num canto, escondida, e só aparecesse quando estivesse ligada. Nós tinhamos uma vida social intensa. Sempre iam visitas lá em casa. Também saíamos muito. Cinema, Teatro, jantar fora. Eu continuava só vendo futebol e notícia. Mas minha mulher estava sucumbindo depois do Sheik de Agadir, nao queria perder nenhuma novela.
- Certo. Aqui está a sua conta. Infelizmente temos que fechar o bar.
- Eu não quero a conta. Quero outra bebida. Só mais uma.
- Está bem… Só mais uma.
- Nosso filho menor, o que nesceu depois do Sheik de Agadir, não saía de frente dela. Foi praticamente criado por ela. É mais apegado à ela do que a própria mãe. Quando a mãe briga com ele, ele corre pra perto dela pra se proteger. Mas onde é que eu estava? Nas novelas. Minha mulher sucumbiu às novelas. Não queria mais sair de casa. Quando chegava visita, ela fazia cara feia. E as crianças, claro só faltavam bater em visita que chegasse em horário nobre. Ninguém mais conversava dentro de casa. Todo mundo de olho grudado nela. E então aconteceu outra coisa fatal. Se arrependimento matasse…
- Termine a sua bebida, por favor. Temos que fechar.
- Foi a copa do mundo. A de 74. Decidi que para as transmissões da copa do mundo ela deveria ser bem maior. E colorida. Foi a minha ruína. Perdemos a copa, mas ela continua lá, no meio da sala. Gigantesca. É o móvel mais importante da casa. Minha mulher mudou a decoração da casa para combinar com ela. Antigamente ela ficava na copa para acompanhar o jantar. Agora todos jantam na sala para acompanhá-la.
- Aqui está a conta.
- E, então, acontecu o pior. Foi ontem, hora do Dancin´Days e bateram na porta. Visitas. Ninguém se mexeu. Falei para a empregada abrir a porta, mas ela fez “Shhh!” sem tirar os olhos da novela. Mandei os filhos, um por um, abrirem a a porta, mas eles nem me responderam. Comecei a me levantar. E então todos pularam em cima de mim. Sentaram no meu peito. Quando comecei a protestar, abafaram o meu rosto com a almofada cor de tijolo que minha mulher comprou para combinar com a maquiagem da Júlia. Só na hora do comercial, consegui recuperar o ar e aí sentenciei, apontando para ela ali, impávida no meio da sala: “Ou ela, ou eu!”. O silêncio foi terrível.
- Está bem… mas agora vá para casa que precisamos fechar. Já está quase clereando o dia…
- Mais tarde, depois da Sessão Coruja, quando todos estava dormindo, entrei na sala, pé ante pé. Com a chave de parafuso na mão. Meu plano era atacá-la por trás, abri-lá e retirar uma válvula qualquer. Não iria adiantar muita coisa, eu sei. Eles chamariam um técnico às pressas. Mas era um gesto simbólico. Ela precisava saber quem é que mandava dentro de casa. Precisava sabe que alguém não se entregava completamente a ela, que alguém resistia. E então, quando me preparava para soltar o primeiro parafuso, ouvi a sua voz. “Se tocar em mim você morre”. Assim com toda a clareza. “Se tocar em mim você morre”. Uma voz feminina, mas autoritária, dura. Tremi. Ela podia estar blefando, mas podia não estar. Agi depressa. Dei um chute no fio, desligando-a da tomada e pulei para longe antes que ela revidasse. Durante alguns minutos, nada aconteceu. Então ela falou outra vez. ” Se não me ligar outra vez em um minuto, você vai se arrepender”. Eu não tinha alternativa. Conhecia o seu poder. Ela chegara lá em casa pequenininha e aos poucos foi crescendo e tomando conta. Passiva, humilde, obediente. E vencera. Agora chegara a hora da conquista definitiva. Eu era o único empecilho à sua dominação completa. Só esperava om pretexto para me eliminar com um raio catótico. Ainda tentei parlamentar. Pedi que ela poupasse a minha vida. Perguntei o que ela queria, afinal. Nada. Só o que ela disse foi “Você tem 30 segundos”.
- Muito bem. Mas preciso fechar. Vá para casa.
- Não posso.
-Por quê?
- Ela me proibiu de voltar lá. (Luís Fernando Veríssimo).

Fotos do Terceiro Encontro

 

 

 

 











As fotos aqui postadas foram do terceiro e último encontro com a turma. Nas fotos podemos ver os alunos respondendo a última atividade feita, assim como uma das estagiárias (Gabriela) ministrando a aula.

Fotos do Segundo Encontro

 

 

 

Fotos da aula. Nesse momento os alunos estão respondendo uma atividade proposta na qual eles tiveram que criar um novo desfecho para a crônica lida (ELA, de Luís Fernando Veríssimo).

Fotos do Primeiro Encontro com os alunos

 

 
 

 



No dia 24/05 iniciamos o estágio no PREMEN. As fotos aqui postadas são das aulas dadas, em especial do momento da dinâmica, em que os alunos se dividiram em grupos para responder perguntas sobre o modo como se viam, o modo como os outros o viam, etc.